quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Onde estamos e para onde vamos?




                A cada dia nos deparamos com um crescimento incrível de índices de violência. Pessoas são agredidas, espancadas, assassinadas em plena luz do dia, sem o menor pudor e receio de represálias. Estamos na eminência do possível, não há lei. A medida que se faz uma busca em textos clássicos encontramos referencia ao fato que evidenciamos atualmente. A quem se interessa sugiro que inicie com um clássico irmãos Karamázov de Fiódor Dostoiévski (livro considerado por Freud como a maior obra da história), neste livro há uma célebre frase, “se Deus não existe tudo é permitido”. Não estou aqui para fazer nenhuma apologia a qualquer tipo de religião ou coisa do gênero. O termo Deus não se refere a apenas a questão da religião, mas a uma figura central a qual o ser humano tem obediência e ao qual teme. Nesse sentido que o papel de Deus vem, como a forma da lei, como aquele que vem barrar o sujeito, que traz o impossível.

                Alem de Dostoiévski sugiro também Friedrich Nietzsche primeiramente em Gaia ciência e posterior em Assim falou Zaratustra, nos quais ele trata da morte de Deus. Tema que foi amplamente criticado e mal interpretado. Ambos os autores trazem o que podemos evidenciar atualmente, ou como Trazem Melman e Lebrun no livro “O homem sem gravidade1”, estamos na era do gozar a qualquer preço, no impossível de não, onde tudo é possível. Eles e outros tantos psicanalistas, trazem a questão da lei, desde a lei que vem do pai, que e proíbe o incesto (encontrada no complexo de Édipo), que vem como um impedimento ao sujeito. A lei que impede o prazer a todo custo. Esse é o papel da lei o de barrar o “tudo é possível”. Possível que faz o sujeito como objeto ao prazer do outro, com que pessoa mate pessoa, faz com que o mais indefeso seja considerado aquele sobre o qual tenho direitos e com o qual posso fazer o que quero a meu bel prazer. Assim encontramos a violência crescendo e se intensificando nas suas varias formas.

                A medida que a lei falha, a medida que esse pai, passa de punidor e autocrático para uma permissividade, não temos a que temer. Ou ainda se essa função do pai não se inscreve em nossa vida não temos a quem nos remeter, e assim ser a própria lei. A medida que essa abertura se faz presente, encontramos o crescimento de índices de violência, e assim como citado acima, vemos pessoas serem assassinadas em vias publicas em plena tarde. E ainda vemos crianças serem violentadas, e esse numero cresce cada vem mais, cresce o numero da violência e as varias formas dela. Em especial as formas de violência e abuso sexual. Pais violentam filhos, os fazem seu objeto sexual. Ou ainda as formas mais veladas mas que não deixam de ser violência. Crianças assediadas de maneira explicita ou velada, como cita o código penal brasileiro, induzir menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem. O que parece passar em muitos casos como sendo um ato inocente, ou desapercebido, deixam marcas nos que são vitimas dessa forma de violência. Marcas que não saberemos agora o resultado dos que estão sendo violentados, somente a posterior.

                Então retorno, cadê aquele que proíbe esse acesso, ao corpo do outro, o tornar o outro seu objeto de prazer e ao qual tenho todo o direito e o uso como quero. Esse fato me faz lembrar de um ditado tão antigo que nem consigo calcular a data e quem o proferiu pela primeira vez “quando o gato sai os ratos fazem a festa”, o gato como sinônimo daquele que impede o rato de devorar tudo o que quer, instituído assim o imperativo do impossível, do impedimento.

                Então alguns pontos me fazem questão, quanto tempo o gato vai ficar fora? Será que ele retorna? Ou o que vira em seu lugar. Não se sabe o que vem, se esse gato um dia retorna ou se estamos no reinado do rato. Até que ponto isso continuara, ou outra configuração esta por vir? Qual será o próximo passo?


- Os nossos agradecimentos ao amigo Fernando Ruthes. Criador dessa postagem.
Psicólogo clínico, com atuação em psicologia clinica e saúde mental. Ênfase em psicanálise, atua na articulação psicologia psicanálise e políticas públicas de assistência social.
Contato: (41) 9152-0222



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